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CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE

ALFREDO MARQUES VIANNA DE GÓES – 1908-2008

Alfredo Marques Vianna de Góes nasceu em Montes Claros/MG, em 23.11.1908 e faleceu em Belo Horizonte/MG, em 14.10.1992. Quando criança, a família mudou-se para Curvelo/MG, onde terminou seus estudos de segundo grau, onde viveu sua juventude e onde também se casou.. Em 1935, mudou-se para Belo Horizonte, onde fez o curso de Direito. Ativista cultural, foi um dos fundadores da Academia Montesclarense de Letras, na sua terra natal, bem como da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais-AMULMIG, em 08.04.1963.

Dessa foi seu presidente por quase 28 anos, quando passou a presidente vitalício e o vice-presidente Tasso Ramos de Carvalho passou a presidente executivo. Nesta casa destacou-se pela liderança e pela oratória. Fez parte também da Academia de Letras Municipais do Brasil e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Recebeu diversas medalhas pelo mérito intelectual, entre elas a de Santos Dumont. Contista, cronista e poeta, foi intensa a sua colaboração na imprensa mineira. Publicou em 1987 o livro Vultos e Fatos do meu tempo – contos, crônicas e poemas, de onde foram compilados os sonetos abaixo. A Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais homenageia seu presidente fundador quando dos concursos internos sob a denominação Concurso Interno Alfredo Marques Vianna de Góes.

Sonetos de Alfredo Marques Vianna de Góes

AD IMORTALITATEM

Alfredo Marques Vianna de Góes

Sinto a saudade vã de recôndita era...

De um mundo onde, talvez, eu já vivi outrora.

E sei, por intuição que a morte não supera

a vida, que transcende o espaço e o tempo em fora.

A vida é como o tempo: uma emoção de espera...

Se o sol se põe, depois da noite vem a aurora.

Se um ser morre, renasce, alhures, noutra esfera,

e assim, como expirou, exsurge e revigora.

Então, noutro avatar, em nova natureza

revive, ama e, no amor, realiza a humanidade.

e a vida continua além da flama acesa

do milagre vital, da entidade criada —

por ser eterno o ser, essência e atividade

do próprio Deus que anima a gênese do Nada.

E a vida continua

Alfredo Marques Vianna de Góes

Homem! Por que não tens o dom da juventude

como a árvore que vive em contínua alvorada

e do outono, retorna à antiga plenitude

do viço primitivo, em nova madrugada?

E assim, vencendo o tempo e a própria senetude,

é cada vez mais bela aos cimos da jornada!

Se todo ser anseia e busca a angelitude

e toda natureza é sempre transformada

No eterno vir-a-ser que tudo prenuncia,

- certo que o ser humano, à face e eternidade

do próprio criador, transmuda e regenera...

Se a morte é como a noite, ao fim de cada dia,

do nascer ao morrer, até a eternidade,

a vida é o amanhã – a Aurora que esse espera!

Sobre a personalidade de Alfredo Marques Vianna de Góes,

eis os sonetos dos que fruíram de sua amizade:

Alfredo Marques Vianna de Góes

Antonio Teixeira de Queiroz – (da AMULMIG)

Sonha, mas sofre por saber dizer

- Nato orador que o verto transfigura -

Da sua bela pátria o amanhecer

Da idéia de justiça e de ventura.

Dentro de si há sol para aquecer

O frio da descrença e da amargura

Mas conhece a esperança, pois viver

Tem sido seu destino. E essa candura

Com que, misticamente, aos semelhantes

Enfrenta, é tão pura e exuberante

Que faz vibrar as almas qual chicote.

Poeta idealista, sonhador,

Consigo arrasta a chama desse amor

Que tornara imortal o D. Quixote.

Alfredo Marques Vianna de Góes

Sebastião Noronha – (da AMULMIG)

Não fez, não faz inimigos,

Exemplar conduta humana.

Sofre o bom, que aos bons se irmana,

O justo expõe-se a perigos.

Querem-lhe novos e antigos.

Esse Alfredo Marques Vianna

De Góes nem mesmo se ufana

De saber fazer amigos.

Persuasivo até no gesto.

Sempre efusivo e modesto.

Talvez de si descuidado...

Tão eloqüente e benquisto,

Que eu creio que Jesus Cristo

Quisera tê-lo ao seu lado